Após decidirmos ir para Londres, começamos logo a pensar na mudança, a resolver todos os problemas, a fechar todas as contas e compromissos em Vancouver e a pensar no futuro na nova cidade. Não deu muito tempo para pensar sobre deixar a cidade.
Na véspera da minha saída do apartamento, resolvi ir ao cinema para usar um ingresso de graça que tinha.
O apartamento já estava praticamente vazio. Tinha um colchão inflável, uma mesa de centro e as malas que levaria comigo. O resto já tinha ido. A Luiza já estava na Europa.
Escolhi o filme A Árvore da Vida. No Tilsentown, que já não é esse nome mais, mas continuo chamando assim.
Para começar, o filme já é todo cheio de questões existenciais. Te faz pensar bastante.
Quando voltava para casa, o ônibus ainda ia demorar uns 20 minutos. Resolvi andar.
E ali, andando sozinho para casa, passando pelo centro da cidade vazio depois das dez da noite foi que a ficha caiu. Estava indo embora. Estava deixando a cidade que tinha escolhido para viver. Para viver sem pensar em se mudar bor um bom tempo. Um projeto de vida.
Fui andando e olhando para a cidade dando adeus. Relembrando todas as vezes que tinha trabalhando em filmagens por todos os cantos do centro da cidade. Lembrando dos últimos acontecimentos da cidade (o quebra-quebra).
Fiquei triste. Bem triste.
Pela primeira vez sentia a tristeza de deixar aquela cidade.
No dia seguinte entreguei o apartamento e fui para um hotel próximo ao aeroporto. Meu vôo seria na manhã seguinte bem cedo.
Resolvi passar uma mensagem de texto a grande parte dos amigos canadenses e pessoas com que trabalhei dando adeus e dizendo que iria desligar a linha telefônica.
Não esperava a quantidade de respostas carinhosas e de desejos de boa sorte.
Pela segunda vez senti a tristeza de deixar a cidade.